Sex, 17 de setembro de 2021, 14:59

Professor lança “Dicionário dos Antis”, obra que explora conceitos pelo prisma dos contrários
Live de lançamento ocorre nesta terça, 21, às 18h, pela TV UFS

Antiamadorismo, antiburocratismo, anticatolicismo, anticomunismo, e até antibolsonarismo. O recém-publicado “Dicionário dos Antis” é uma compilação de quase mil páginas de ensaios de 111 autores sobre 113 verbetes que, de A a Z, carregam o prefixo “anti-".

O trabalho, que levou nove anos para ficar pronto, foi organizado pelos professores Luiz Eduardo Oliveira, do Departamento de Letras Estrangeiras da Universidade Federal de Sergipe, e José Eduardo Franco, professor catedrático da Universidade Aberta de Portugal.


Tomo publicado pela Pontes Editores com quase mil páginas conta com 113 verbetes de 111 autores (fotos: Adilson Andrade/ComunicaUFS)
Tomo publicado pela Pontes Editores com quase mil páginas conta com 113 verbetes de 111 autores (fotos: Adilson Andrade/ComunicaUFS)

“Uma coisa muito profunda dos ‘antis’ é que, na nossa própria formação identitária, tanto do ponto de vista pessoal como nacional, nós nos definimos em contraposição ao outro”, explica Luiz Eduardo. “E essa visão negativa do outro é sempre estereotipada, sempre é mais ou menos farsesca, sempre é exagerada.”

Ele segue explicando que essa demonização acaba por simplificar aspectos que são bastante complexos da realidade. “Essa demonização é tóxica, porque só vê exageros. Quando você demoniza o outro, você só vê extremos, simplificações”, pontua.


"Essa visão negativa do outro é sempre estereotipada, sempre é mais ou menos farsesca, sempre é exagerada”, explica Luiz Eduardo Oliveira, professor do Departamento de Letras Estrangeiras da UFS e um dos organizadores da obra (foto: arquivo pessoal)
"Essa visão negativa do outro é sempre estereotipada, sempre é mais ou menos farsesca, sempre é exagerada”, explica Luiz Eduardo Oliveira, professor do Departamento de Letras Estrangeiras da UFS e um dos organizadores da obra (foto: arquivo pessoal)

Culturas em negativo

Luiz Eduardo explica que “a ideia da cultura em negativo surgiu de José Eduardo Franco, Luiz Machado de Abreu, e outros intelectuais de Portugal e da França, que começaram a discutir, numa série de simpósios, sobre a demonização do outro, e de uma cultura portuguesa pensada através desses contrários”.

Em 2011, enquanto fazia um pós-doutorado em Portugal, ele teve contato com o projeto da edição portuguesa de um dicionário dos antis e foi desafiado por seu orientador a produzirem uma edição brasileira da obra, que pusesse em negativo a cultura brasileira.


Organizador acredita que a obra vem para ocupar um lugar de reflexão em torno da tolerância, através da reflexão crítica da demonização do outro
Organizador acredita que a obra vem para ocupar um lugar de reflexão em torno da tolerância, através da reflexão crítica da demonização do outro

Para dar vazão aos primeiros verbetes que iam, pouco a pouco, saindo do forno, foi lançada, em 2015, a Revista de Estudos de Cultura. Em seguida foi feito um trabalho intenso de agregação de autores e divulgação do projeto. Até que a obra veio à lume, pela Pontes Editores.

Atualidade

Luiz Eduardo acredita que a obra é importante, nos dias de hoje, “por colocar diante dos nossos olhos essa ideia do outro, a necessidade da tolerância. Estamos num momento tão extremo, de demonização mútua de grupos que se opõem, que acho que esse dicionário vem para ocupar um lugar de reflexão em torno da tolerância, através dessa reflexão crítica da demonização do outro”, conclui.

Live de lançamento

Na próxima terça-feira, 21, às 18h, através do canal da TV UFS, ocorre o lançamento online da obra, que contará com a participação dos organizadores e de alguns dos autores do dicionário. Clique aqui para acompanhar o evento.

Ascom

comunica@academico.ufs.br


Atualizado em: Sex, 17 de setembro de 2021, 15:31
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